sábado, 25 de agosto de 2012

Por que ler A Game of Thrones?

Por Murilo Medeiros

    Em diferentes mídias, a série de televisão e a coleção de livros A Game of Thrones, do escritor inglês George Martin, foi difundida e ganhou o carinho das pessoas apaixonadas por uma boa história. Hoje, o quinto e último livro  publicado no Brasil da série está na lista de livros mais vendidos da revista Veja por cinco semanas (não consecutivas) na categoria Ficção.  O primeiro livro perdurou na primeira posição, da mesma categoria, por diversos dias e está na lista há sessenta e seis semanas.
                O motivo de tanto sucesso? Os personagens e o enredo “martiavélico” imposto pelo autor. Martin consegue construir uma história que, talvez pelo tamanho do livro e o detalhamento dos fatos, prende o leitor de uma forma que os personagens da trama tornam-se quase que personagens reais. Tais personagens são tão complexos e nada lineares que, à medida que o livro transcorre, absolutamente nada sobre o enredo pode ser adivinhado. São personagens de sentimentos adversos, ardileza incontestável e psicológico altamente difundido. E o que Martin faz com eles? Os mata.
                O envolvimento da história com o leitor é tão grande que quando nossos personagens favoritos padecem, parte da história também se vai. E o mais incrível de tudo é que a morte de tais personagens podem desencadear uma série de outros conflitos tão ou mais interessantes que, num passar de páginas, a morte transforma-se em vida.
                Os capítulos da história são separados por personagens principais. Cada capítulo mostra um pouco da visão de cada um desses personagens. Ao mesmo tempo que odiamos alguém num desses capítulos, no outro estamos rindo de suas piadas, absortos com suas relações lascivas envolventes ou pasmados com suas atitudes. Crueldade, uma realidade bem difundida da Idade Média, período de inspiração à trama, contrasta com um mundo inventado, uma terra chamada Westeros. Lá, idas e vindas da ambição, do orgulho, da dor e da glória fazem a luta pelo poder parecer um verdadeiro massacre em massa.
                Enganam-se os que tiram uma conclusão precipitada da obra ou a comparam como O Senhor dos Anéis do século XXI. Totalmente diferente da fantasia de Tolkien e inacessível a qualquer suposição humana, A Game of Thrones faz de um estilo interessante, de uma história inteligente e longa, mas nem por isso enfada, de um enredo fantástico e de personagens atraentes em todos os sentidos, um verdadeiro best seller mundial. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Resuminho: geografia através dos tempos


Por Murilo Medeiros

Pra quem curte resumos, lá vai um resuminho interessante sobre a geografia através dos tempos. Observem o surgimento de cada tópico relacionado à Geografia e vejam como estão relacionados às necessidades e ambições de cada época.
Para ver a imagem maior, clique nela.


Saliento ainda que a relação entre o espaço físico e geográfico é muito maior do que a representada no desenho, chegando perto da totalidade de meio natural e humano.

Murilo Medeiros é acadêmico do curso de Relações Internacionais do campus de Tubarão.

domingo, 19 de agosto de 2012

Onde o conservadorismo pretende chegar?

Lincoln Niehuns Antunes




Em Novembro, os Estados Unidos elegerão seu novo presidente e apenas dois candidatos disputam a cadeira máxima da Casa Branca. De um lado, do Partido Democrata, temos Barack Obama, tentando a reeleição e segurando as pontas do país na tentativa de recuperar a fraca situação econômica em que se encontram, defendendo o aumento de impostos sobre a renda dos mais ricos e expansão de incentivos ao preparo da mão de obra, além da iniciativa de reforma na saúde, que vem sofrendo forte oposição dos republicanos.
Do Partido Republicano (GOP), temos Mitt Romney, disposto a restabelecer políticas revogadas pelo governo Obama, além de querer perpetuar o esquema de economia que beneficia os empresários com pagamentos de impostos desproporcionais e implementar um plano orçamentário que coloca em risco as conquistas sociais alcançadas por Obama. Romney possui apoio incontestável da base conservadora, o Tea Party, a massa americana que concentra todos os seus esforços em dificultar a vida de gays, negros, latinos, e mulheres, sempre defendendo suas ideias com “incríveis” argumentos encontrados na bíblia. Romney, que não é católico e nem evangélico, mas sim Mórmon, tenta com muito esforço desviar as atenções deste fato em sua campanha, pois é sabido que evangélicos (que possuem forte base no país) não são amigáveis a esta religião. Além de sua origem religiosa, Romney também é fraco nas relações externas, com declarações absurdas como “Londres não está preparada pra receber as Olimpíadas” e “A prosperidade econômica de Israel é devida a superioridade cultural de seu povo”. Ambas as declarações provocaram respostas revoltadas de diferentes líderes.
Recentemente, Obama declarou ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, disparando uma resposta rápida do seu concorrente, que fez questão de deixar bem clara sua posição contra este “tipo” de união. Em um momento em que o futuro da maior potência do planeta está sendo discutido, havendo questões importantíssimas em jogo, parece que grande parte da nação ainda está concentrada em tópicos que não deveriam ter tanta importância, apoiados fortemente pela mídia conservadora como a Fox News. Os republicanos parecem focar a agenda de Romney na questão da imigração, onde atacam os latinos, na clássica questão de mirar a culpa nos estrangeiros quando seu país está em crise; na proibição do aborto, assunto esse que o GOP sempre atrela máxima importância, pois para seus integrantes, a mulher não tem o direito de comandar seu próprio útero, situação esta, que acaba de se agravar com a escolha de Paul Ryan para ser o vice de Romney. Ryan é anti-abortista radical e defende a criminalização do aborto até mesmo em casos de estupro, incesto e risco de saúde para a mãe.
Por último e não menos importante, para finalizar e chegar à pergunta do título, a questão da união entre pessoas do mesmo sexo, o assunto preferido dos conservadores, que não admitem a possibilidade de dois homens ou duas mulheres se casarem. O motivo: “A bíblia diz que é errado! Ponto!”.
Até onde as pessoas pretendem chegar, tentando impor suas crenças religiosas umas às outras? Se Romney vencer a corrida presidencial, veremos escurecer a alvorada dos direitos conquistados até aqui? Esperaremos por mais atos subversivos como a prisão das heroínas do Pussy Riot na Rússia, onde religião e governo estão cada vez mais unidos? Não precisamos ir tão longe, se olharmos a nossa bancada evangélica no planalto, que trabalha somente para fazer valer aquilo que sua religião diz que é certo, negando o cumprimento de direitos a milhões de cidadãos, em um país como o Brasil, constitucionalmente laico. Resta aguardar Novembro.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A leitura como objeto alienador

Por João Marcos Pereira Soares

Terminei recentemente a leitura de um livrinho muito agradável de Rubem Alves, grande educador brasileiro que tem ideias interessantes para revolucionar o atual sistema de ensino ineficaz e precário do país. Digo agradável porque, além de ser pequeno (148 páginas), leva o leitor a refletir a respeito do que está lendo.
“Entre a ciência e a sapiência: O dilema da educação” é o nome da obra. Cito aqui um parágrafo que me levou a pensar muito e modificar algumas ideias que trazia comigo, impulsionadas, em geral, por meus professores, sobretudo os da graduação: “Ler pode ser uma fonte de inteligência. Frequentemente é uma fonte de emburrecimento. Muitas pessoas, inteligentes por nascimento, ficaram burras por excesso de leitura”.
Quando entramos na universidade, nos são empurradas – sem dó – centenas de páginas de apostilas e livros, acompanhadas de uma frase que os professores adoram: “Leitura obrigatória”. Ora, como se realmente fôssemos aprender – no sentido real da palavra – ao ler um texto com o qual não nos identificamos. Essas leituras são importantes apenas para decorar temporariamente respostas de prova, que é outra questão que merece ser debatida, pois não acredito que seja a melhor maneira de avaliar as capacidades intelectuais de um acadêmico, em especial os das ciências humanas.
Rubem Alves, que usualmente explana seus pensamentos através de analogias, compara o exercício da leitura com o de comer um prato gastronômico, aonde primeiro devemos provar uma pequena parte para, se agradável for, nos entregarmos totalmente. Ou seja, para que uma leitura seja satisfatória e realmente acrescente à mente do leitor, é necessária uma educação da sensibilidade, uma arte de discriminar gostos, segundo o autor.
Assim como a televisão – amplamente criticada no ambiente acadêmico – os livros podem ser considerados um objeto alienador. Ao exercitar o pensamento, o telespectador adquire a capacidade de filtrar a programação que acompanha na televisão e refletir a respeito do que vê, formando sua própria opinião. Na leitura não é diferente. Ler o “Manifesto do Partido Comunista”, de Karl Marx e Friedrich Engels, tornará qualquer mortal um marxista fervoroso. Isto dificilmente acontecerá quando a mesma pessoa ler “A riqueza das nações”, de Adam Smith, clássico da teoria liberal, antagônica à marxista.
Argumentação é uma qualidade que os grandes autores utilizam para conquistar adeptos às suas correntes de pensamento. O grande desafio do leitor é utilizar sua capacidade crítica para refletir sobre as ideias lidas e formular uma opinião a respeito, que promova o debate.
Excesso de leitura, principalmente de apenas uma corrente de pensamento, faz com que o ser humano deixe de pensar com a sua cabeça e passe a pensar com a cabeça do autor que está lendo. Perde-se a capacidade crítica e o exercício da reflexão deixa de ser praticado. Ler é importante. Ler é prazeroso. Mas não é necessariamente garantia de inteligência. Inteligente é quem pensa por si próprio, formula conceitos a partir de suas ideias. Mais importante que o exercício da leitura, é o exercício do pensamento. Um pode completar o outro, se o leitor souber usar a dosagem certa. Ler leva o ser humano a pensar. Ler em excesso, todavia, leva-o à obsolescência.

domingo, 12 de agosto de 2012

Mensalão: 13 mil páginas por quê? Pra quê?



Por Roberto Deniz

Nem Esquerda, nem Direita. O dia 02 de agosto de 2012 fica marcado como a data do início do julgamento da Ação Penal 470, vulgo “Mensalão”, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília e significa muitas coisas, dentre elas, o de que os ‘ventos da impunidade’ estão passando, ainda fortes, mas passando. Para aqueles que só têm boca pra reclamar, está acontecendo, já para aqueles que não deixam o tempo levar da memória, lutam contra impunidade e corrupção é um fato, chegou a hora.
O escândalo que chocou o Brasil marcou também a história do país, onde a corrupção tinha chego a tal ponto, com um ESQUEMA OPERACIONAL político descomunal, dito com o propósito de ajudar o Governo do então Presidente Lula e afins, entre 2003 e 2004, pareceu totalmente inacreditável. Como muitos escândalos, este não diferente, veio a tona através de uma revista de grande circulação nacional, e desencadeou um efeito cascata que tornou mais a frente 38 pessoas réus da Ação Penal anteriormente citada. Esta Ação tem sete crimes/acusações (Lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas, gestão fraudulenta) que são empregadas devidamente a cada réu, os quais vão desde ex-políticos até empresários.
Não é exagero chamar de descomunal o esquema, ele implicitamente era dividido em ‘núcleos’ para facilitar sua operacionalidade. Os deputados recebiam dinheiro para votar em propostas do governo, os empresários recebiam dívidas de campanha, os banqueiros faziam transações para os participantes. Enfim, é uma amostra da complexidade e de que o trabalho do STF não será fácil. O esquema depois de vir à tona pela revista foi delatado por um dos participantes, o atual Presidente do PTB nacional, Roberto Jefferson, peça chave no processo. Houve inúmeras CPI’s, onde os acusados sempre negaram o envolvimento nos crimes. Brasília fervia durante estas CPI’s. O agravante midiático de todo os atos ilícitos, é relevante citar, está também no fato de os envolvidos serem muito próximos politicamente ao então presidente Lula, como José Dirceu que era Ministro da Casa Civil, José Genoíno presidente do PT na época do Mensalão. Nada foi provado, apesar de muito especulado, do envolvimento em qualquer parte do caso com o Ex-Presidente Lula.
No primeiro dia de Julgamento já houve embaraços entre os ministros (a respeito de desmembrar no julgamento ou não quem não tem foro privilegiado, já que quem não possui tem direito a ser julgado na justiça comum), então podemos esperar muita intensidade por vir. O julgamento não tem data pra terminar. Estima-se que será necessários oito dias só para os acusados se defenderem.  Com a importância que se tem neste julgamento, até um forte esquema de segurança foi montado (há motivos?).
A afirmação de que o Mensalão é efeito e não causa é correta, pois ele provém da imundice do sistema político brasileiro atual, entretanto, sem dúvida é o efeito mais marcante, mesmo com muitos outros ocorridos seguintes a ele. O ditado que diz: “deve-se cortar o mal pela raiz” é mais certo para a nossa política. Por mais otimista que alguém seja, os “ventos de impunidade” são apenas o início. Só o tempo e a magnânima cultura política e crítica brasileira dirão o que essa ação resultará na nossa história e vida. 

Roberto é aluno do curso de Relações Internacionais Unisul.

Rabiscos de livros: Ciência Política

Por Murilo Medeiros.

(Análise pessoal e anotações feitas do primeiro capítulo do livro CIÊNCIA POLÍTICA, de Luiz Henrique Queriquelli e Wilson Demo)

CIÊNCIA POLÍTICA
Luiz Henrique Queriquelli
Wilson Demo

Primeiro capítulo - Partes 1

* Para se localizar, eis o mapa múndi: http://www.coladaweb.com/files/mapa-mundi2.jpg

Primeiro capítulo: Governos na antiguidade.

A população começa a ser chamada de humanidade apenas quando deixa de enfrentar a existência e passa a enfrentar também a Convivência;
política é exatamente a arte, ou ciência, que possibilita o homem ter esta convivência;
Na condição original, as primeiras civilizações só puderam se Desenvolver quando decidiram entrar em Sociedade, ao passo que a existência depende da Relação com seus semelhantes. Alguém, algum dia, pensou no exercício do Poder, ou seja, o Governo

"OS HOMENS DECIDIRAM ENTRAR EM SOCIEDADE A FIM DE RESOLVER OS CONFLITOS QUE A CONVIVÊNCIA TRAZ NO ESTADO NATURAL." (QUERIQUELLI; DEMO, 2010, p.17)
"OS HOMENS OPTAM POR VIVER EM UM MODO DE VIDA ORDENADO, SE SUBMETENDO A REGRAS, PRINCIPALMENTE POR BUSCA DE JUSTIÇA, JÁ QUE, NA INDIVIDUALIDADE CADA UM JULGA OS ATOS ALHEIOS CONFORME LHE CONVÉM." (QUERIQUELLI; DEMO, 2010, p.17) 

Provérbio romano: "Onde há homem, há sociedade. Onde há sociedade, há direito."

O Aprimoramento do homem sobre a natureza se deu ao mesmo tempo que o aprimoramento do homem sobre a sua própria natureza. Um exemplo? O surgimento da Cidade - símbolo do aprimoramento da natureza e da própria natureza humana (Na convivência - Política). A cidade surgiu devido à necessidade de se ter um agrupamento para que a sobrevivência se perpetue. Somado aos atributos materiais (técnica de manipulação da argila, por exemplo), possibilitou o homem a aprender e poder viver em Civilização. E para se ter uma civilização, um agrupamento de pessoas e a convivência é preciso se ter Organização. De novo lá vem a Política.

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CURIOSIDADE!



- A cidade mais antiga já descoberta é a de Çatal Huyuk (6700 a.C)  - lê-se algo como Cata Vuiuqui no suaíle - e localizou-se ao sul da Turquia. Tinha cerca de 5 mil habitantes  e suas casas, de cerâmica, eram coladas umas as outras a fim de promover segurança. O trânsito? Era feito pelos telhados! Suas principais atividade produtivas eram o comércio e a agricultura.
Maiores informações no link abaixo.

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No exemplo acima, observamos três fatores secundários que fizeram a passagem do homem pré-histórico para o homem antigo: a Agricultura (8000. a.C), a Cidade (por volta de 6700 a.C) e o Comércio (?). A causa principal foi, depois de tudo isso estabelecido, o surgimento da Escrita (por volta de 3800 a.C).

E para quê o homem inventou a escrita? Simples: Ele precisava>
- Contabilizar os funcionários públicos, os impostos arrecadados e os produtos comercializados (QUERIQUELLI; DEMO, 2010, p.17) ;
- Fazer um levantamento da estrutura das obras, o que exigiu a criação de um sistema numérico para a realização dos cálculos geométricos (QUERIQUELLI; DEMO, 2010, p.18); 





Agora, com a escrita, o conhecimento não seria somente passado de boca à boca, mas também Registrado.Os primeiros registros escritos eram representações chamadas de Ideogramas. 
Alguns ideogramas interessantes: 



As primeiras formas de escrita que se tem indício foram a Escrita Cuneiforme e os Hieróglifos, na Mesopotâmia e no Egito, sucessivamente (por volta de 3500 a.C). 

MESOPOTÂMIA-

Localizada entre os rios Tigres e Eufrates, é tida como o Berço das Civilizações, já que foi lá que se deu em maior intensidade a chamada Revolução Verde Primeira. Teve nestes dois rios a base de seu desenvolvimento. Localizada numa planície ora pantanosa, ora desértica e com altas temperaturas, seus povos foram precursores dos diques, canais de irrigação, utilização humana do uso da força animal e da religião. 

PARA ENTENDER ------------------
Os homens eram, até então, nômades, já que as terras eram, na sua maioria, geladas, cobertas por gelo e, portanto, inviáveis para o plantio. Com o aquecimento do planeta, eis que grande parte do gelo derreteu, o nível do mar subiu, os continentes diminuíram (isso talvez explique a passagem pelo Estreito de Bering) e as terras ficaram mais férteis. Desta forma, um dia, alguém observou que, ao cair uma semente no chão, uma planta nascia. Foi inventada a agricultura. Eis a Revolução Verde Primeira. O homem agora torna-se sedentário.

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Para entender as sociedades hidráulicas, sugiro pesquisar o termo CRESCENTE FÉRTIL


*Importantes centros mesopotâmicos: LAGASH, UMMA, KISH, UR, URUK, GATIUM, ELAM, NÍNIVE, BABILÔNIA, NIPUR, ERIDU.
*Importantes povos mesopotâmicos: SUMÉRIOS, ACADIANOS, HITITAS, BABILÔNIOS, ASSÍRIOS, CALDEUS.
* Deus: Marduk


A Mesopotâmia era formada por Cidades-estado

PARA ENTENDER ------------------
Os povos mesopotâmicos tinham sua origem, costumes, tradições, morais, culturas, línguas e religiões muito parecidas e atreladas. Por isso convém-se chamar o território que hoje abriga o atual Iraque de Mesopotâmia. Ainda para este motivo, salienta-se as alianças temporárias entre os povos, com finalidade bélica na maioria das vezes. Entretanto, cada cidadezinha, não muito grande, era totalmente independente, autônoma e soberana, embora realizassem relações comerciais umas com as outras. Por isso a denominação de Cidade-estado. 
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>> PEQUENA LINHA HISTÓRICA:

1 - SUMÉRIOS (sul da Mesopotâmia), primeiros povos a migrar para lá em virtude dos rios. Diques e canais. Escrita cuneiforme. Hierarquia. Eridu, Ur, Nipur, Uruk. Patesi (grande líder político-religioso). Zigurates (Torre de Babel - Zigurate tão alto que ia de encontro ao céu). 
INVENÇÕES: Divisão do ano em doze meses; hora em sessenta minutos; círculo em 360 graus. Sistema numérico. Calendário lunar. Vidro. Roda.

2 - Diversos povos (centro e norte da Mesopotâmia), unificados então pelo rei Sargão, de Acad. Primeiro Império Mesopotâmico (Império Acadiano). Destruído por revoltas inimigas.

3 - BABILÔNIOS se destacam no plano mesopotâmico. O rei Hamurab instala o Primeiro Império Babilônico. Nomeou governantes, padronizou a língua, a religião e uniu os mitos populares na chamada Epopeia de Marduk. Estabeleceu o famoso Código de Hamurab - mais antigo corpo de lei da história, baseado na doutrina de OLHO POR OLHO E DENTE POR DENTE. Com a morte de Hamurab...

>>Código de Hamurab:
- Direito natural e consuetudinário (baseado nos costumes).
- Talião (Olho por olho e dente por dente).
- Influenciaria os futuros códigos de leis dos povos daquelas terras.
- Divisão da sociedade: 1 Homens livres 2 subalternos (antigos servos presos à gleba - terra) e 3 escravos.
- Inalienabilidade do dote, opressão ao adultério e separação pelo marido.
- Tratamentos especiais aos juros.
- justiça nas mãos dos Juízes de Estado sob inspiração do deus Marduc.

"Se um dos grandes méritos da civilização mesopotâmica foi conseguir, através do planejamento urbano, superar as adversidades naturais impostas pela geografia da região e as adversidades impostas pelo convívio entre os homens, o Código significou a coroação dessa superação" (QUERIQUELLI; DEMO, 2010, p.20).

4 - Supremacia HITITA. Introdução ao ferro e aos carros de guerra. Segundo Império Mesopotâmico. Caem para os...

5 - ASSÍRIOS, promovem o chamado Império Assírio. Primeiro exército verdadeiramente disciplinado. Caíram para...

6 BABILÔNICOS novamente no poder. Segundo Império Babilônico. Nabucodonosor e a conquista da Terra Santa - o ser perverso, segundo a bíblia, mas que também construiu os chamados Jardins Suspensos da Babilônia, um presente a sua mulher que sentia saudade das flores de sua infância. Caíram para...

7 - Os persas conquistam a mesopotâmia. 

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CURIOSIDADE 

5 planetas conhecidos pelos mesopotâmicos, mais a lua e mais o sol = 7 dias da semana (Já reparou em SUNday, MONday e SATURday?)

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Sugiro pesquisar Epopéia de Gilgamesh

EGITO-


Localizado no norte da África, entre o Deserto do Saara , o Mar Vermelho e a Península Arábica, outra civilização hidráulica se desenvolveu quase que sincronicamente a civilização mesopotâmica: os egípcios. Enquanto os rios Tigres e Eufrates eram a chave para a civilização do Oriente Médio, o rio Nilo também o era para a civilização do norte da África, sendo as suas inundações de total importância para  agricultura, já que o período de cheias deixava a terra fértil e, nas vazantes, todo o humo fazia com que lavouras enormes, através de grandes obras da engenharia hidráulica, crescessem exuberantes. Foram grandes cientistas, astrólogos e médicos.

Entretanto, temos uma visão errônea do faraó. Ele estava longe de ser um déspota. Ele dividia sua autoridade com uma infinidade de outros oficiais. O comando administrativo era executado pelo tjati, espécie de primeiro-ministro. 
A religião era o alicerce do governo. O mundo experimentava o seu primeiro estado Teocrático. O direito era exercido pela concepção do senso comum de certo e errado. Casos menores eram julgados em uma Kenbet e casos mais graves em uma Grande Kenbet. A partir do Império Novo os Oráculos passaram a ter mais força no exercício da justiça.

Oráculos:
Alguém: Oráculo, me diga, ele tem razão?
Oráculo, movendo-se, piscando ou algo do tipo: Sim (ou não).

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CURIOSIDADE

As cheias no rio Nilo eram periódicas. Desta feita, influenciou, de certa forma, na estabilidade política e na criação de uma Unidade Política, fato que não ocorreu na Mesopotâmia, terra de rios instáveis.

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>> PEQUENA LINHA HISTÓRICA:


Costuma-se dividir em 12 os períodos da Antiguidade Egípcia. Entre eles, destacam-se:

1 - Período Pré-dinástico: Grandes aglomerados e vilas com aldeias formadas por clãs, chamadas de NOMOS. O chefe de cada nomo era o NOMARCA. Os agricultores chamavam-se FELÁS. Os nomarcas, com o tempo, foram personificando divindades até que os reinos do Baixo (Delta) e Alto Egito (Vale) se formassem. Menés, um dos nomarcas do vale, conquista, então, o delta e torna-se o primeiro FARAÓ - mistura de chefe político e religioso egípcio (assimilado ao deus Hórus. O faraó anterior considerado o deus Osíris. Mais tarde o faraó passou a ser associado ao filho de Rá, o Deus Sol*).

* Já parou para pensar na conveniência? 
OBS: Delta: desembocadura do rio. Vale: Caminho do rio até a desembocadura.

Os faraós governariam o Egito por mais de 3 MIL ANOS!

Alguns dos principais deuses egípcios:

-  Sol (principal deus da religião egípcia)
Toth - sabedoria, conhecimento, representante da Lua
Anúbis - os mortos e o submundo
Bastet - fertilidade, protetora das mulheres grávidas
Hathor - amor, alegria, dança, vinho, festas
Hórus - céu
Khnum - criatividade, controlador das águas do rio Nilo
Maet - justiça e equilíbrio
Ptah - obras feitas em pedra
Seth - tempestade, mal, desordem e violência
Sobek - paciência, astúcia
Osíris - vida após a morte, vegetação
Ísis - amor, magia
Tefnut - nuvem e umidade
Chu - ar seco, luz do sol
Geb - terra

2 - Antigo Império: Capital: Mênfis. Divisão em nomos. Desenvolvimento da escrita hieroglífica. Expansão para a Núbia, ao sul. Arquitetura em alta: As pirâmides de Gizé (Quéops, Quéfrem e Miquerinos). Conflitos internos (sacerdotes outorgando menor poder ao faraó) fez com que caísse.

3 - Médio Império: Mentuhotep II centraliza novamente o Egito que continua ganhando terras da Núbia. Entretanto, os Hicsos devastam o império, que ruiria. 

4 - Novo Império: Expulsão dos Hicsos e nova centralização de poder. Tebas é a nova capital. Exuberantes tempos como os de Karnac e Luxor surgem. 

5 - Depois de mais alguns altos e baixos, os egípcios caem nas mãos do persas, assim como os mesopotâmicos. Muita coisa aconteceria até se tornar colônia inglesa do século XVII e, posteriormente, um país livre

*Importantes cidades: Tebas, Mênfis, Biblios, Karcac, Luxor, Alexandria.
*Importantes faraós: Quéfren, Akhenaton, Ramsés II, Cleópatra, Tutancâmon. 

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CURIOSIDADE

A escrita hieroglífica é a marca do Egito Antigo, entretanto, outras formas de linguagem, mais rústicas, eram usadas, como a escrita Hierática (algumas simplificações) e a Demótica (mais simplificações ainda).

Em comparação as mulheres de outras civlizações antigas e até mais recentes, as mulheres egípcias tiveram oportunidades muito melhores.
Ver: Hatchepsut, Cleópatra e Esposas Divinas de Amon. 
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PIRÂMIDE SOCIAL EGÍPCIA:


Sugiro pesquisar o episódio da Pedra de Roseta.
Sugiro pesquisar Calendário Egípcio.
Sugiro pesquisar A Tumba de Tutancâmon. 
Sugiro pesquisar Deben (a "moeda" egípcia).

Algumas comparações:

Na Mesopotâmia o direito era baseado numa lei codificada, diferente do Egito, que era baseado no direito consuetudinário, isto é, o direito baseado nos costumes. Isso ainda perdura atualmente (QUERIQUELLI; DEMO, 2010, p.25).

SOBRE EGITO ANTIGO E MESOPOTÂMIA, SUGIRO AINDA OS VÍDEOS ABAIXO. SÃO MUITO BONS. 

Para finalizar, saliento um trecho do livro em questão:

"Tudo o que jpa se conseguiu resgatar da antiga civilização egípcia espanta qualquer um, seja leigo ou especialista, por uma questão óbvia: como aquele povo, egresso da pré-história, pôde conceber um arranjo político tão eficiente, capaz de mantê-los prósperos por quase cinco milênios? Em nossa avaliação, podemos ver que o faraó e sua máquina administrativa, encontraram meios de conciliar religião, economia e justiça, atendendo aos desejos mais sensíveis de seus súditos".  (QUERIQUELLI; DEMO, 2010, p.26)

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Pequena linha do tempo dos fatos:

Da antiguidade:

3100a.C. O rei Menés unificou o baixo e o alto Egito e formou um dos primeiros governos nacionais do mundo. 

3000a.C. Escritos cuneiformes dos sumérios deram início ao registro da história do Oriente Médio. 

2500a.C. A civilização do vale do Indo começou nas cidades de Harappa e Mohenjo-daro, no Paquistão. 

2300a.C. Sargão de Acad conquistou os sumérios e unificou suas cidades-estados sob seu governo. 

1750a.C. Hamurabi estabeleceu o império babilônico. 

1600-1400a.C. A civilização minoana floresceu na ilha mediterrânea de Creta. 

1500a.C. A dinastia Chang começou seu governo de 500 anos na China. 

1100 a.C. Tribos latinas estabeleceram-se ao sul do rio Tibre e etruscos estabeleceram-se na região centro-ocidental da península italiana. 

750-338a.C. Atenas, Corinto, Esparta e Tebas desenvolveram-se como as principais cidades-estados da Grécia durante o período helênico. 

509a.C. Os latinos revoltaram-se contra seus dominadores etruscos e criaram a República Romana. 

338a.C. Filipe II da Macedônia derrotou os gregos e anexou a Grécia ao império macedônico. 

331a.C. Alexandre, o Grande, derrotou os persas em Arbela (Irbil) e abriu caminho para a conquista do norte da Índia. 

321-185a.C. O império mauria do norte da Índia espalhou-se praticamente por toda a Índia e parte da Ásia central. 

221-206a.C. A dinastia Tsin criou o primeiro governo central chinês poderoso e completou a Grande Muralha para proteger a China dos invasores. 

202a.C. A dinastia Han começou seu governo de 400 anos na China. 

146a.C. Os romanos destruíram Corinto e conquistaram a Grécia. 

55-54a.C. Júlio César comandou a invasão romana da Bretanha. 

27a.C. Augusto tornou-se o primeiro imperador romano. 

70d.C. Forças romanas sob o comando de Tito capturaram e destruíram Jerusalém. 

350 - O império Kusha dominou o Afeganistão e a Índia norte-ocidental. 

105- Os chineses inventaram o papel. 

293- Diocleciano dividiu o Império Romano em quatro prefeituras e estabeleceu duas capitais - Nicomédia, na Ásia menor, e Milão, na Europa. 

313- Constantino deu aos cristãos do Império Romano liberdade de culto através do Edito de Milão. 

320- A Índia começou sua idade de ouro sob o governo da dinastia gupta. 

395- O Império Romano foi dividido em Império Romano do Orinte e Império Romano do Ocidente. 

476- O comandante germânico Odoacro depôs Rômulo Augústulo, o último imperador do Império Romano do Ocidente.


Da história:
Clique para ampliar


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Etimologia das palavras-chaves:

- Política (pólis, cidade - procedimentos relativos à ela);
- Convivência (convívi,is,vixi,victum,ère - viver com);
- Sociedade (do latim sociĕtas, pessoas);
- Cidade (do latim civĭtas, comunidade);
- Civilização (derivada de Cidade);
- Organização (do francês organiser);
- Ideograma ( anagrama que idealiza algo);
- Escrita cuneiforme (Escrita em cunha na argila);
- Hieroglifos (hierós, sagrado e glýphein, escrita);

Adiante postarei os textos dos demais capítulos do livro. Fica aberto os comentários para sugestões de livros a serem analisados e comentados. Quem quiser fazer este trabalho, também damos todo o espaço. logo postarei o resumo da última aula de Ciência Política do Professor Cláudio.  
Obrigado.

Murilo Medeiros é acadêmico do curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Novas políticas desenvolvimentistas

Por João Marcos

Nas relações internacionais, o comércio assume um papel importante desde a Antiguidade, quando algumas rotas de comércio ajudaram a definir geopoliticamente o mundo tal como ele é hoje. Conflitos entre nações, bem como ascensões e quedas de impérios se deram através de disputas comerciais. Na contemporaneidade, inclusive, as relações políticas interestatais recebem menos atenção do que os aspectos comerciais das relações internacionais.
O termo desenvolvimento não é de fácil definição. Duas correntes, basicamente, tentam conceituá-lo: uma enfatiza o crescimento econômico de uma nação como sinônimo de desenvolvimento, focando na acumulação de capital, e diz que a adequada distribuição de renda entre os detentores dos fatores de produção melhora os padrões de vida e o desenvolvimento da sociedade. Já a segunda corrente, defende que as mudanças quantitativas causadas pelo crescimento econômico na vida das pessoas não são o suficiente para dizer que uma nação está desenvolvida, fatores qualitativos, não só no modo de vida das pessoas, mas também nas instituições que compõem a sociedade são importantes para a afirmação de que determinado país é desenvolvido ou está em desenvolvimento.
O comércio internacional moderno passa, obrigatoriamente, pela teoria liberal de Adam Smith, que defendia a tese da vantagem absoluta, aonde o crescimento econômico vem a partir da divisão internacional do trabalho que, por seu turno, depende da escala do mercado interno e externo. Esta escala estava ligada à produção dos bens em que cada país tinha maior especialização. O tamanho da escala definia o crescimento. Crescia mais e tinha mais poder e riqueza quem possuía uma escala de mercado ampla. O livre-comércio – hoje em alta em função dos blocos econômicos -, segundo Smith, é fundamental para manter este princípio, portanto, as barreiras impostas contra o intercâmbio de bens e a ampliação de mercados fazem com que seus autores ajam contra seus próprios interesses comerciais e impeçam o seu crescimento econômico.
Como a busca pelo desenvolvimento é, em muitos casos, desenfreada e suja, faz-se necessário alguma regulação de direito internacional econômico para que todos pratiquem uma competição justa. No período de Guerra Fria, havia um sistema internacional heterogêneo de polaridades definidas que causava conflitos de concepção
acerca da organização da ordem econômica mundial. Com isso, tornava-se difícil estabelecer uma codificação e desenvolvimento progressivo de direito econômico público consensual e abrangente através de acordos multilaterais. Com o fim da Guerra Fria e, de certa forma, com o fim de um mundo estruturado em torno de polaridades definidas, os conflitos de concepção acerca da organização da ordem econômica foram diluídos, embora não eliminados, e houve a possibilidade da criação de um órgão econômico regulamentador (OMC) em uma nova ordem mundial, que tivesse abrangência macro e fosse mais eficaz (até por ter sido criado em um contexto mais favorável) que o GATT e o Comecon, antigos órgãos de regulamentação do comércio internacional que fracassaram em uma conjuntura econômica antagônica.
As ideias liberais e neoliberais que pregam que somente o livre-mercado faz com que os países atinjam o desenvolvimento a partir do comércio nem sempre são verdadeiras, haja vista que a liberdade defendida por eles nunca foi totalmente aplicada e muito menos em igualdade de condições, já que os países mais pobres nunca conseguiriam atingir o desenvolvimento com as políticas vigentes de livre-mercado, tendo em vista que não possuem o mesmo acesso aos mercados que os atuais países industrializados tiveram para vender seus produtos primários. Pode-se dizer isto porque o preço das commodities está em declínio e o comércio de produtos agrícolas – principais fontes de riqueza dos países pobres – é fortemente distorcido por subsídios.
O desenvolvimento deve ser pensado para que atinja todos os países do mundo, ou seja, para que a riqueza seja cada vez melhor distribuída visando à erradicação da pobreza. A visão desenvolvimentista – que se baseia na meta de crescimento da produção industrial e da infraestrutura, com participação mais ativa do Estado – deve prevalecer em detrimento do pensamento liberal, para que todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento, sejam contemplados e possam praticar uma competição mais justa no comércio internacional para que a distribuição de renda seja mais qualificada, pois os diferentes níveis de desenvolvimento atingidos requerem conjuntos diferentes de direitos e obrigações.

João Marcos Pereira Soares é acadêmico de Relações Internacionais

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O "Retorno" da Dimensão Normativa na Teoria Política: um debate além da metodologia


                                                                                    *Felipe Alessio
Até a ascensão da sociologia no século XIX, todos os trabalhos importantes sobre teoria política procuravam proclamar elementos normativos e empíricos. No entanto, no início do século XX, com a “onda” positivista e a consideração de possíveis leis aplicáveis as ciências sociais, a teoria normativa e a pesquisa empírica se tornaram diferentes ramos das ciências sociais. É exatamente essa dicotomia que procuraremos criticar, uma vez que, a pesquisa empírica pode ser guiada pela teoria normativa, assim como, a teoria normativa pode ser melhorada através das constatações empíricas.
Mas o que é teoria política normativa? Bauböck (2008) conceitua teoria política normativa como uma disciplina acadêmica que usa modelos específicos de argumentos no sentido de direcionar-se a uma específica questão, variando desde os estilos narrativos as técnicas oriundas da filosofia analítica. A questão comum levantada por esta disciplina é que os discursos prescritivos e valorativos são elencados como um arranjo de proposições, que além de serem consistentes internamente, devem ser defendidos contra abordagens opositoras. As preocupações da teoria política normativa tem sido sobre: (1) o bem comum realizado através da comunidade política; (2) a legitimidade da autoridade política; (3) os direitos e liberdades daqueles vivendo sobre esta autoridade; (4) a natureza e as forças de ligação entre as obrigações políticas.
Como disse, o século XX foi marcado nas ciências sociais pela onda behaviorista, a qual preparou o terreno para o desenvolvimento dos estudos empíricos, buscando explicar os fatos sociais e políticos sem o julgamento de valores. Neste sentido, teoria normativa foi retratada como algo do passado, a ser estudada pela história das ideias. Essa visão foi defendida pelos racionalistas críticos, amparados pelos escritos de Karl Popper, os quais delimitavam que o critério de demarcação da ciência estaria na possibilidade de construir hipóteses (teorias) falseáveis. A dicotomia fatos/valores também é abordada com precisão a seguir:
“Normative theorizing must deal in facts just as empirical work must deal in values; they do not inhabit different worlds. The selection of a topic in empirical political science presumes a judgment of moral importance. (Therefore) Good social science must integrate both elements; it must be empirically grounded, and it must be relevant to human concerns.”  (GERRING, YESNOWITZ, 2006, 108-110p)

Apesar da velocidade em que o positivismo provocou mudanças na academia norte-americana, isso não determinou o fim dos estudos de teoria política normativa, apenas seu enfraquecimento. O retorno da disciplina nas ciências sociais, de facto, é reflexo dos estudos de John Rawls, em especial no livro Theory of Justice (1971). Sua obra orientou a teoria política normativa em sua contínua tarefa de criticar ou justificar instituições nas sociedades liberais democráticas, além de provocar o spillover effect do debate para as demais disciplinas, em especial a economia.
Na década de 1990, “pontes” foram construídas por alguns teóricos políticos sobre a lacuna existente entre a disciplina normativa e a pesquisa empírica, o que veio a ser chamado de teoria normativa aplicada. Este novo enfoque institucionalista – o qual presava por maior atenção as variações contextuais – destacou quatro temas proeminentes: (1) teoria não-ideal, a qual propõe a alternância entre as abordagens idealistas e realistas; (2) justiça global, onde o liberalismo requer que a preocupação e o respeito sejam estendidos em nível global; (3) sociedade fechadas, livre circulação de pessoas como meio para nivelar a qualidade de vida, ou redução das discrepâncias na própria nação como condição para a livre circulação; (4) autodeterminação e direito das minorias, debate regido por libertários, liberais igualitaristas, e liberais nacionalistas. Um quinto tema pode ser incorporado através do artigo de Martineau e Squires (2012), o qual proporciona um debate sobre a relação entre teoria política normativa e os estudos empíricos nas pesquisas feministas, questionando até que ponto seria possível estabelecer uma ponte entre os mesmos, ou seria necessário um método crítico alternativo a estas duas abordagens.
A virada contextual e institucionalista da teoria normativa apresentada acima têm elevado o interesse daqueles que trabalham na área em utilizar as abordagens comparativas e históricas em seus estudos de ciência política. Ainda que alguns estudiosos possuam receio de que, ao importar questões normativas aos seus trabalhos os mesmos percam a corroboração científica, Bauböck (2008), ressalta que esta é uma tarefa inevitável, uma vez que, as questões normativas afetam as ciências sociais em três maneiras diferentes: (1) toda pesquisa científica confronta-se com questões éticas; (2) o objeto de pesquisa não pode ser isolado clinicamente – o pesquisador está envolvido numa relação social com o fenômeno pesquisado; (3) a legitimidade do poder político e da autoridade são o conteúdo de investigação e não apenas o contexto da pesquisa social. 
Neste sentido, qualquer tentativa de purificar as ciências sociais de suas atribuições normativas é uma tentativa equivocada. Tanto a ciência social problem-driven e a teoria normativa estabelecem contribuições importantes para o discurso político, a primeira promove explicações teóricas e conhecimento empírico, a segunda clarifica os argumentos e princípios envolvidos. Sendo assim, os cientistas sociais possuem um reconhecido poder de influencia, o qual deveria ser utilizado para estimular o debate na sociedade civil, e não servir somente de feedback as elites no poder, e se os servissem que o fizessem em público, pois transparência é um dos pilares de uma democracia.
BAUBOCK, R. (2008) ‘Normative Political Theory and Empirical Research’, in D. Della Porta and M. Keating (eds), Approaches and Methodologies in the Social Sciences:A Pluralist Perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 40–60.  
GERRING, John; YESNOWITZ, Joshua. A Normative Turn in Political Science? 2006. Northeastern Political Science Association.Volume 38, Number 1. Boston University
MARTENEAU, Wendy; SQUIRES, Judith. Addressing the ‘Dismal Disconnection’: Normative Theory, Empirical Inquiry and Dialogic Researchpost. Political 

* Felipe Alessio - Mestrando em Relações Internacionais - UFSC
                         - Bacharel em Relações Internacionais - Unisul



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Resenhas de Filmes: Operação Valquíria

Começa aqui nossa coluna de Resenhas de livros e filmes. Comecemos com o prestigiado filme Operação Valquíria, de Bryan Singer:

Por Gabriela Santos Marcelo

“Viva a sagrada Alemanha!”. Essas foram as últimas palavras pronunciadas pelo Coronel  Claus Schenk Graf Von Stauffenberg antes de morrer. O coronel Stauffenberg, com o objetivo de isentar a Alemanha de Adolf Hitler, planejou com a ajuda de outros oficiais um golpe de estado para pôr em prática tal objetivo.
No começo da era Führer, Stauffenberg foi extremamente nacionalista e simpatizante do regime imposto por Hitler, contudo essa simpatia se extinguiu após  refletir sobre os genocídios praticados contra os judeus, homossexuais, deficientes e pequenos grupos étnicos, e questionar o porquê da Alemanha estar passando por esta situação inadequada. O regime nazista era impróprio – esta era a sua atual visão. Para conter retaliações preferiu manter estes pensamentos para si.
Após juntar-se com outros militares, Stauffenberg e os conspiradores decidiram pôr em prática o plano de tirar Hitler do poder e iniciar a Operaçao Valquíria (que visava o derrubar o sistema então vigente).
Depois de quatorze atentados fracassados contra o Führer, o não menos importante último atentado ocorreu em 20 de julho de 1944, onde Stauffenberg e seu aliado, o tenente Werner von Haeften, foram incumbidos de matar, no quartel general, Hitler e seus sucessores, Hermann Göring e Heinrich Himmler. Haeften levara a bomba em uma maleta e a a coloca perto do fürer. Enquanto, com uma desculpa qualquer saem da sala, não sabendo de nada um general alemão retira a mala das proximidades de Hitler, fazendo com que esta explosão causasse não mais que alguns arranhões ao grande líder nazista.
Iludido pela ideia de sucesso do plano, Stauffenberg comunica por telefone à todos que o Führer está morto, informando que a Operação Valquíria era pra ser colocada em prática imediatamente. Entretanto, a morte de Hitler é desmentida. No mesmo dia, Stauffenberg, Von Haeften, Von Quinheim e Friedrich Olbricht, todos considerados responsáveis pela operação, foram executados a tiros. 

Gabriela Santos Marcelo é aluna no curso de Relações Internacionais da Unisul.

Você não suportou a vergonha,você resistiu sacrificando sua vida pela, liberdade, justiça e honra.

                              -Do memorial da resistência alemã, Berlim.