domingo, 12 de agosto de 2012

Mensalão: 13 mil páginas por quê? Pra quê?



Por Roberto Deniz

Nem Esquerda, nem Direita. O dia 02 de agosto de 2012 fica marcado como a data do início do julgamento da Ação Penal 470, vulgo “Mensalão”, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília e significa muitas coisas, dentre elas, o de que os ‘ventos da impunidade’ estão passando, ainda fortes, mas passando. Para aqueles que só têm boca pra reclamar, está acontecendo, já para aqueles que não deixam o tempo levar da memória, lutam contra impunidade e corrupção é um fato, chegou a hora.
O escândalo que chocou o Brasil marcou também a história do país, onde a corrupção tinha chego a tal ponto, com um ESQUEMA OPERACIONAL político descomunal, dito com o propósito de ajudar o Governo do então Presidente Lula e afins, entre 2003 e 2004, pareceu totalmente inacreditável. Como muitos escândalos, este não diferente, veio a tona através de uma revista de grande circulação nacional, e desencadeou um efeito cascata que tornou mais a frente 38 pessoas réus da Ação Penal anteriormente citada. Esta Ação tem sete crimes/acusações (Lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas, gestão fraudulenta) que são empregadas devidamente a cada réu, os quais vão desde ex-políticos até empresários.
Não é exagero chamar de descomunal o esquema, ele implicitamente era dividido em ‘núcleos’ para facilitar sua operacionalidade. Os deputados recebiam dinheiro para votar em propostas do governo, os empresários recebiam dívidas de campanha, os banqueiros faziam transações para os participantes. Enfim, é uma amostra da complexidade e de que o trabalho do STF não será fácil. O esquema depois de vir à tona pela revista foi delatado por um dos participantes, o atual Presidente do PTB nacional, Roberto Jefferson, peça chave no processo. Houve inúmeras CPI’s, onde os acusados sempre negaram o envolvimento nos crimes. Brasília fervia durante estas CPI’s. O agravante midiático de todo os atos ilícitos, é relevante citar, está também no fato de os envolvidos serem muito próximos politicamente ao então presidente Lula, como José Dirceu que era Ministro da Casa Civil, José Genoíno presidente do PT na época do Mensalão. Nada foi provado, apesar de muito especulado, do envolvimento em qualquer parte do caso com o Ex-Presidente Lula.
No primeiro dia de Julgamento já houve embaraços entre os ministros (a respeito de desmembrar no julgamento ou não quem não tem foro privilegiado, já que quem não possui tem direito a ser julgado na justiça comum), então podemos esperar muita intensidade por vir. O julgamento não tem data pra terminar. Estima-se que será necessários oito dias só para os acusados se defenderem.  Com a importância que se tem neste julgamento, até um forte esquema de segurança foi montado (há motivos?).
A afirmação de que o Mensalão é efeito e não causa é correta, pois ele provém da imundice do sistema político brasileiro atual, entretanto, sem dúvida é o efeito mais marcante, mesmo com muitos outros ocorridos seguintes a ele. O ditado que diz: “deve-se cortar o mal pela raiz” é mais certo para a nossa política. Por mais otimista que alguém seja, os “ventos de impunidade” são apenas o início. Só o tempo e a magnânima cultura política e crítica brasileira dirão o que essa ação resultará na nossa história e vida. 

Roberto é aluno do curso de Relações Internacionais Unisul.

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