Por João Marcos Pereira Soares
Terminei recentemente a
leitura de um livrinho muito agradável de Rubem Alves, grande educador
brasileiro que tem ideias interessantes para revolucionar o atual sistema de
ensino ineficaz e precário do país. Digo agradável porque, além de ser pequeno
(148 páginas), leva o leitor a refletir a respeito do que está lendo.
“Entre a ciência e a
sapiência: O dilema da educação” é o nome da obra. Cito aqui um parágrafo que
me levou a pensar muito e modificar algumas ideias que trazia comigo,
impulsionadas, em geral, por meus professores, sobretudo os da graduação: “Ler
pode ser uma fonte de inteligência. Frequentemente é uma fonte de
emburrecimento. Muitas pessoas, inteligentes por nascimento, ficaram burras por
excesso de leitura”.
Quando entramos na universidade,
nos são empurradas – sem dó – centenas de páginas de apostilas e livros, acompanhadas
de uma frase que os professores adoram: “Leitura obrigatória”. Ora, como se
realmente fôssemos aprender – no sentido real da palavra – ao ler um texto com
o qual não nos identificamos. Essas leituras são importantes apenas para
decorar temporariamente respostas de prova, que é outra questão que merece ser
debatida, pois não acredito que seja a melhor maneira de avaliar as capacidades
intelectuais de um acadêmico, em especial os das ciências humanas.
Rubem Alves, que
usualmente explana seus pensamentos através de analogias, compara o exercício
da leitura com o de comer um prato gastronômico, aonde primeiro devemos provar
uma pequena parte para, se agradável for, nos entregarmos totalmente. Ou seja,
para que uma leitura seja satisfatória e realmente acrescente à mente do
leitor, é necessária uma educação da sensibilidade, uma arte de discriminar
gostos, segundo o autor.
Assim como a televisão
– amplamente criticada no ambiente acadêmico – os livros podem ser considerados
um objeto alienador. Ao exercitar o pensamento, o telespectador adquire a
capacidade de filtrar a programação que acompanha na televisão e refletir a
respeito do que vê, formando sua própria opinião. Na leitura não é diferente.
Ler o “Manifesto do Partido Comunista”, de Karl Marx e Friedrich Engels,
tornará qualquer mortal um marxista fervoroso. Isto dificilmente acontecerá quando
a mesma pessoa ler “A riqueza das nações”, de Adam Smith, clássico da teoria
liberal, antagônica à marxista.
Argumentação é uma
qualidade que os grandes autores utilizam para conquistar adeptos às suas
correntes de pensamento. O grande desafio do leitor é utilizar sua capacidade
crítica para refletir sobre as ideias lidas e formular uma opinião a respeito,
que promova o debate.
Excesso de leitura,
principalmente de apenas uma corrente de pensamento, faz com que o ser humano
deixe de pensar com a sua cabeça e passe a pensar com a cabeça do autor que
está lendo. Perde-se a capacidade crítica e o exercício da reflexão deixa de ser
praticado. Ler é importante. Ler é prazeroso. Mas não é necessariamente
garantia de inteligência. Inteligente é quem pensa por si próprio, formula
conceitos a partir de suas ideias. Mais importante que o exercício da leitura,
é o exercício do pensamento. Um pode completar o outro, se o leitor souber usar
a dosagem certa. Ler leva o ser humano a pensar. Ler em excesso, todavia,
leva-o à obsolescência.
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