sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Feriados: todo o significado fugiu

Por Murilo Medeiros.

O Dia da Independência transformou-se em desfile no centro da cidade – valendo um ponto para aqueles que comparecerem à marcha. Onde está o patriotismo, o hino nacional, o orgulho da nação e todos aqueles preceitos básicos da educação moral e cívica, ensinados aos nossos país e avós, mas as vezes esquecidos por nossa geração?
A páscoa – tadinha – dia santo comemorado em nosso país laico que outrora remetia à ressurreição de Cristo, maior ícone cristão, hoje em dia resume-se a chocolates, ovos de páscoa e coelhinhos. Qual é o verdadeiro sentido da páscoa? – pergunta o tio. Chocolate é uma delícia! – respondemos.
As festas juninas são quase que sinônimos de trajes de jéca. Todo o resto, a música, as comidas, os santos, esqueceram-se para sempre. O dia do folclore – outro coitado – é sabido apenas pelas criancinhas do primário, avisados pela boa e velha professora de arte. Nosso natal é resumido em três partículas: presentes, pisca-piscas (não importando a forma, cor ou local) e papais-noéis de shopping center. O réveillon virou contagem regressiva.
Foi-se o tempo que os  símbolos, elementos utilizados para representar e lembrar uma coisa, foram importantes para a sociedade brasileira. São poucos os que preservam a cultura – tanto a original como a herdada. Hoje em dia damos mais valor ao dia a menos de trabalho ou aula. Damos valor aos presentes, às emendas e nos esquecemos de tudo aquilo que, na essência, faz o símbolo ter sentido. Um símbolo só tem valor quando atribui significação. Um símbolo sem a tal torna-se totalmente inútil.
Nossa cultura, miscigenação de diversas outras, não pode cair no marasmo. Somos os brasileiros de uma nova era – é certo – mas eras e eras, não importa o tempo, não podem ser páreas para dilacerar os velhos costumes. Estes – resultado de eras de cultura, trabalho, fé e sociedade – são quem moldam a verdadeira cara de um país e não um dia qualquer dormindo, na praia ou assistindo televisão quando,  na essência de uma data especial transpassa-se um sentido tão sutil, enquanto que em suas margens, uma demonstração tão supérflua. Um voto aos que aderem o verdadeiro sentido das datas comemorativas e feriados.

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