Anderson Nunes Pacheco*
Quem acompanha os
noticiários brasileiros, está ciente da suspensão do Paraguai e da entrada da Venezuela
no bloco do Mercosul e sabe da importância deste fato para o cenário das
relações da região, porém é necessário analisar os fatores que precederam estes
acontecimentos. A saída do Paraguai se deu por aspectos políticos, onde o
estopim foi o impeachment do presidente Fernando Lugo, já a Venezuela
conseguiu o tão buscado ingresso no bloco devido, principalmente, ao seu crescimento
econômico na última década.
A última cartada do
presidente Hugo Chávez para a Venezuela ganhar notabiidade no cenário
internacional foi um grande projeto habitacional nas proximidades da capital
Caracas. Seria um condomínio fechado, obra executada por uma empreiteira cubano-venezuelana. Um conjunto habitacional com
aproximadamente 1,1 mil apartamentos e 20 mil unidades habitacionais, obra que
tem previsão de conclusão para 2018 e terá um impacto muito positivo em
milhares de famílias de classe baixa, onde Chávez não tem muito apoio.
Além disso, é
importante lembrar do seu principal elemento da economia, que seria o petróleo,
sendo, a Venezuela, o quinto maior exportador de petróleo do mundo e com uma
das maiores reservas. Até 1976, a
exploração do petróleo era privada e controlada, principalmente, por empresas
norte-americanas . Com a alta do petróleo depois da crise de 1973, o então presidente
Carlos Perez passa essa atividade para
estatal em 1976, criando a PDVSA – Petróleo da Venezuela S.A, sem atrapalhar as
multinacionais, pois o refinamento e comércio internacional ainda estava na
mãos do setor privado. Quando a cotação do petróleo caiu, a partir dos anos 80,
a inflação deu um salto de 7,4% anuais em 1978 para 103% em 1996. O juro das
dívidas passou a ser 30% do orçamento nacional. O PIB per capita, descontando a inflação, caiu quase 19% entre 1978 e 1998.Sendo
assim, quando o atual governo assumiu o poder, tinha em mãos um país com a
economia em baixa e uma população revoltada. Logo que assumiu a liderança do
país, Hugo Chavez explodiu com o sistema que operava na Venezuela tendo o apoio
da maioria política e população. Com isso, os setores mais conservadores
tiveram uma queda de popularidade. Em 2001, o presidente sentiu-se forte para
deslanchar seus projetos que foram a lei de terras e de hidrocarbonetos que aumenta
o impostos das companhias privadas e o controle do governo sobre o setor
privado.
O governo Chavez também
é notado por várias entidades como ONU, GINI, entre outros, pelos suas políticas
sociais em prol da população e crescimento do pais como um todo. Estes fatores
influenciaram as lideranças do Mercosul que passaram a considerar e, por
último, colocar em prática o ingresso da Venezuela no maior bloco econômico da
América do Sul.
Em 2001, a Venezuela
tenta pela primeira vez seu ingresso no bloco do Mercosul, com o protocolo
assinado por todos os países membros. Na sequência, passou pelas as aprovações
dos Congressos de cada país, ficando apenas dependente do Paraguai. A impressa marrom
coloca o presidente Hugo Chávez como o maior empecilho para as pretensões
venezuelanas, devido às suas ideias peculiares e inimizades políticas.
Além do potencial
energético e econômico, a entrada da Venezuela no Mercosul será importante para
colaborar na intenção do bloco em manter os Estados Unidos com pouca influência
na América do Sul, desafiando a hegemonia norte-americana no continente e
garantindo uma maior autonomia do bloco na região.
*Anderson Nunes Pacheco é acadêmico do curso de Relações Internacionais - Unisul - Tubarão.
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