quarta-feira, 30 de outubro de 2013

TROIKA: problema ou solução da crise européia?

Cleber Mafioletti*

A real origem da palavra troika é russa, a qual os russos na antiguidade usavam para denominar uma espécie de carroça com três cavalos lado a lado. Trazendo o termo para as questões políticas podemos identificar a troika como uma aliança de três personagens do mesmo nível e poder, que se reúnem em um esforço único para a gestão de uma entidade ou para completar uma missão.
O termo troika foi muito utilizado no século XX para classificar algumas alianças feitas na década, mas foi em 2010 que o termo ganhou extrema notoriedade no cenário internacional, devido à instabilidade que um dos principais blocos econômicos do mundo – União Econômica Européia – foi atingido pela crise mundial, que se alastra por diferentes blocos e países desde 2008. Assim, ocorreu uma tentativa de negociar medidas de resgate financeiro nos países do bloco, sendo constituída uma tríplice aliança por responsáveis da Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, empregando medidas de austeridade nos países europeus mais afetados: Grécia, Irlanda, França, Espanha, Itália e Portugal.
As medidas de austeridade significam rigor no controle dos gastos, e são requeridas quando os gastos públicos de determinados países são considerados insustentáveis. Esses mecanismos de austeridade são basicamente utilizados como garantia de recuperação das economias fragilizadas – principalmente após os efeitos turbulentos sobre o setor privado, que consequentemente reduziu em grande escala a arrecadação de impostos. Tais medidas surgem como garantia do “sono” de muitas instituições – como o Fundo Monetário Internacional, um dos principais financiadores das economias em situação de crise na União Europeia.
Entre as principais medidas fiscais adotadas pela troika, destaca-se na maioria dos países o aumento gradual dos impostos e os cortes orçamentários de setores que são primordiais para a sociedade, como na saúde e educação. Tais medidas não são vistas com bons olhos pela população afetada, se tornando assim totalmente impopulares, já que acarreta no corte de oferta de serviços públicos, aumento da idade para requerer aposentadoria e reduções salariais para aposentados e funcionários públicos.
O número de manifestações contra as instituições que compõem a troika cresce cada dia mais, ganhando força com seus movimentos – nem sempre pacíficos – nas principais capitais europeias afetadas pela crise, principalmente em países como Espanha, Portugal e Grécia, consequentemente os que mais sofreram com adoção das medidas de austeridade. Um dos mais afetados na questão do desemprego foi à Espanha, onde a taxa de desemprego alcançou o nível recorde de 27,2% da população, sendo que aproximadamente cerca de 40% é maioria jovem.
O que resta saber é se essas medidas estão verdadeiramente obtendo bons frutos nas economias afetadas pela crise, ao que tudo indica o desemprego cresce cada dia mais, e o desenvolvimento dos países está em ritmo de desaceleração. O atual presidente da França, François Hollande, indica que as medidas de austeridade trazem um caráter de autodestruição para os países que as adotam, pois as mesmas causam uma grande redução da demanda interna por produtos e serviços, devido à preocupação do consumidor com a restrita oferta de empregos e redução dos salários.
Diversas notas saíram nos principais tabloides internacionais no mês junho devido ao reconhecimento por parte do Fundo Monetário Internacional de que a austeridade empregada nos países não está sendo eficaz na reconstrução das economias em questão. Muitos especialistas europeus já apontavam desde o inicio da crise que os cortes públicos drásticos causariam um impacto muito grande, causando manchas difíceis de extrair na estrutura econômica do bloco, e indicam que para chegar a um patamar de estabilidade é necessário um paralelo entre consolidações fiscal e desenvolvimento – completamente focado no desenvolvido de emprego e renda.
Os rumos de todo bloco e principalmente dos países mais afetados com a crise continua num clima de incerteza em suas economias. Os pacotes de resgate aprovado pelas instituições financeiras demostram que não são suficientes para obter uma real solução para crise, mas servem como medida provisória já que as instituições financeiras não encontram uma solução efetiva para tal problema, que consequentemente vem afetando diversas economias do mundo inteiro.


Enquanto isso o povo utiliza da ferramenta que dispõe: seu simples, gratuito e persistente grito de revolta.

(*) Graduando do curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

terça-feira, 26 de março de 2013

Hugo se foi, de quem falarão agora?


Internacionalista e Analistas do cenário internacional do mundo e da América Latina principalmente, perderam há pouco tempo uma das figuras mais icônicas dos últimos anos. Hugo Chávez tinha seu populismo e sua personalidade no mínimo muito chamativos. Abalava qualquer estabilidade política com um simples comentário, dando principalmente a classe menos favorecida da Venezuela sua dose de irreverência.
De maneira alguma se deve descrever ou analisar Hugo Chavéz pelas grandes mídias, pois essas, ousando o descrever, o odiavam. Isto porque Chavéz não era o político do tipo que se prostrava ou cedia à pressão destas facilmente, ele governava do seu jeito e não era muito de agradar ‘gregos e troianos’, preferia a originalidade, se assim pode-se chamar.
Dados, já que estes são muito mais importantes do que as ações pra descrever um político atualmente demonstram que Chavéz não era nenhum ditador, era sim alguém que se destacava na Esquerda que toma o continente sulamericano. Não, a resposta é não pra quem acha que ele estatizou todas as emissoras de televisão, pois a grande maioria ainda pertence às empresas privadas. [A ‘lei dos medios’ na Argentina é mais ou menos assim. No Equador também não é muito diferente]. Não, ele não usava o petróleo pertencente ao povo venezuelano pra encher o cofre dos mais ricos, mas sim distribuía ao seu povo com uma dos maiores programas de distribuição de renda que se conhece nesta parte do continente, e, pasmem, até mesmo ‘aquecia’ muitas família estadunidense, país do qual era alvo constante de críticas, no inverno com o petróleo da PDVSA.
Erroneamente (e muito!) se ‘demoniza’ a figura de Chavéz. Há uma forma não muito complicada de entender o que ele fazia e de repensarmos o modo de possibilidades idealistas de mudança: dinheiro, money, grana, cash! Em um mundo que está em uma crise liberal profunda por que seria correto usar deste para ser o deus na resolução dos problemas? Então, a la Chavéz e muitos outros, mude quais são os princípios de uso e resolução. Portanto, isso representa que é muito melhor distribuição de renda (sim, o dinheiro, mas pensando pelo lado de qualidade de vida), a saúde e a educação do que só dinheiro. Claro que é muito bom um tablet com internet de alta velocidade, mas de que adianta manter esse status se ainda o usamos como se fosse um lápis e papel?
Chavéz não está sozinho nessa. Acusam Cuba, embargam Cuba, e falam muito mal de Cuba. Pois não, assim como a Venezuela, Cuba tem muitos problemas, só que os seus índices de educação são maiores que de alguns países europeus. Saúde e educação têm suas prioridades revelam nitidamente a forma real de se demonstrar a Democracia. Cuba, o que muitos não sabem e vivem criticando por embargar as viagens da Yohani Sánchez, deu aos seus cidadãos a oportunidade de definir o seu futuro, deixando os mesmos participarem do processo de formação das leis. Poucos sabem que o irmão de Fidel tem seus dias contados no poder, por que está ocorrendo a mudança, mas o Jornal de segunda a sábado a noite da nossa televisão aberta não mostra isso, não é verdade? A Direita atual é a mais apavorada de todas, não consegue aceitar a mudança e apela pra liberdade de expressão, enquanto abusa da liberdade de opressão e distribui ignorância para a população. Tudo bem,é de comum acordo que o salário mínimo cubano não é um dos melhores, mas eu não me importaria em ter educação de qualidade e gratuita!
Enquanto se ouve falar em ‘ditadura populista’, a Direita chafurda em hipocrisia porque o povo está tendo sua vez. Há muito, mas muito por se fazer, mas na medida do possível isso vai mudando. Antes de um discurso esquerdista, é imperativo afirmar em um discurso humanista. Uma chaminé ou uma máquina não consegue falar ou representar as pessoas, talvez às pessoas possam fazer isso. Novamente frisando, não é pela grande mídia que nós podemos entender como funciona nosso continente, porque por ela tudo vai mal e você deve pensar que está pior.
O real sentido da Democracia também está na atividade do povo e não só na sua representatividade. Se for isso, corruptos (e todos os outros xingamentos feitos aos nossos ‘representantes’) estão fazendo muito bem o trabalho! O real sentido de um internacionalista está em enxergar além e não se retrair ante aos absurdos.

*Texto dedicado aos calouros do semestre 2013-1 do Curso de Relações Internacionais, bem-vindos ao mundo da Ciência Sociais!

Um vídeo a se considerar vindo diretamente de Oxford: https://www.facebook.com/photo.php?v=163948287093137

Roberto Denis - Acadêmico do curso de Relações Internacionais, Unisul TB

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Relações primordiais entre a sociedade, a política, o estado e o direito


Para entender melhor a natureza de alguns conceitos, faz-se necessário estabelecer uma relação de contato entre este e outros. Vejamos, numa visão de cima, a origem breve de alguns dos elementos mais louváveis de nossa história:
O homem nasce Indivíduo, mas necessita do coletivo para sobreviver. A Sociedade nasce quando o homem percebe que viver sozinho - ou em um pequeno grupo - significa correr riscos maiores, ter menos comida, menos segurança, estar mais vulnerável a ataques e furtos e mais susceptível à morte. Ele precisava viver junto aos outros. Um grupo maior era a única maneira de matar um bisão, afastar as feras, ter mais comida, sentir-se mais quente e mais protegido.
As primeiras sociedades, bem como as atuais, obviamente, são formadas por indivíduos. Cada indivíduo, em sua essência, tem vontades, opções, opiniões, pensamentos e argumentos próprios, muito diferentes dos demais. Então, vivendo em sociedade, como dividir o bisão? Quem ficaria com qual parte dele? - Eram as divergências. Os quereres individuais colidem-se, ao passo que ninguém é igual a ninguém. Eis que, não num estalar de dedos, mas com um gradiente de etapas e uma evolução, surge a Política - aquela que negocia os quereres gerais.
Entretanto, eis que uma negociação de quereres não se dá sem uma ordem que a mantenha. Caso não exista um poder maior, sublime aos que negociam, é certo que muitos tentarão passar por cima dos demais, outros nem entenderão o que os demais estarão dizendo e a individualidade dos pequenos grupos prevalecerá.  Uma entidade suprema a tudo isso era a única forma de proporcionar a união, o gerenciamento, a coercibilidade aqueles que não respeitam a ordem estabelecida, o progresso. Depois do surgimento da Sociedade, que negocia entre si suas individualidades por meio da Política, surge o orgão que viria regulamentá-la: o Estado.
Mas de que maneira o Estado gerenciaria os membros de uma Sociedade tão complexa? Bem queríamos dizer que o Direito fora este elemento desde os primórdios, mas bem sabemos da Origem Divina dos Reis ou mesmo o poder bélico que os regulamentava, fazendo com que a Sociedade fosse regida por qualquer coisa, menos justiça, caridade e liberdade, prevaleceu por muito tempo. Porém, com o avanço das ideias, eis que, também não num estalar de dedos, o Direito, este que serve para garantir o bem geral, colocou-se entre os homens e os reis, entre os homens e os homens e, brevemente, entre os reis e os reis. O Direito é quem diz: Você pode fazer tudo, desde que não ultrapasse este limite. Era tirada a liberdade - aquela que nunca tivemos, a não ser os reis - a fim de fazer valer o bem geral. O abrir mão de certo algo em função de outros benefícios - resquícios da Poítica dando base teórica e, por que não, prática, ao Direito. 
Infelizmente, sabemos que a cronologia do mundo fez com que muito ocorresse entre um elemento deste e o outro. As vezes, ou quase sempre, ao menos distinguiu-se o surgimento dos mesmos, sendo que muitos corpos foram caídos, muitos quereres foram contrariados, muitas glórias foram conquistadas e muita história se passou entre um e outro. Ele, o tempo, só o tempo nos permite observar as coisas tão de cima assim. 
Ah se a evolução cronológica representasse nossa evolução racional!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O protecionismo do mercado Brasileiro com a crescente Volatilidade do capital internacional


           Até quando o mercado brasileiro conseguirá tornar possível o crescimento da economia nacional sem que a crescente oscilação financeira mundial, o afete por completo? Ou melhor; A atuação regulatória dos agentes econômicos macronacionais utilizando a redução da taxa real de juros, como medidas compensatórias de estimulo a economia, consegue driblar a valorização cambial da moeda corrente (Dólar)? Essas duas questões, foram bases de entrevistas que pude assistir com os economistas: Delfim Netto, Paul Krugman, Paul Singer. Na qual, serviram de base para o desenvolvimento do raciocínio com método dialético, que será descrito nas linhas subsequentes.
A tese, que na qual o título antecipa: “O protecionismo do mercado Brasileiro com a crescente Volatilidade do capital internacional”, é desenvolvido com base nos últimos desdobramentos em que a autoridade monetária nacional (BACEN) por meio do COPOM, vem reforçando através de cortes da taxa SELIC, buscando um aquecimento entre oferta e aumento adequado na demanda agregada. O objetivo é alocar a propensão marginal a consumir (PMC), do brasileiro, para supressão dessa nova oferta reduzida de juros, e, ainda, com a baixa recompensa gerada pelo investimento da poupança (poupança = excedente da renda/consumo).  O Brasil troca a capitalização forçada da época do arroxo salarial, (um dos responsáveis pelo milagre econômico), por uma redistribuição da renda nacional buscando a liquidez do mercado. Outro produto desta tese de protecionismo de mercado é a, insuficiência mostrada já há algum tempo, por parte dos investimentos do mercado futuro; que, na realidade, nos últimos anos, desde a crise em 2008, vem acompanhando com movimento parecido com as bolsas europeias, fazendo com que a especulação ganhe força por parte de investimentos estrangeiros diretos.
Para a antítese, as duas perguntas do paragrafo introdutório se encarregam de enunciar: Até quando o mercado brasileiro conseguirá tornar possível o crescimento da economia nacional sem que a crescente oscilação financeira mundial, o afete por completo? Ou melhor; A atuação regulatória dos agentes econômicos macronacionais utilizando a redução da taxa real de juros, como medidas compensatórias de estimulo a economia, consegue driblar a valorização cambial da moeda corrente (Dólar)? Como resultado dessas duas questões, geramos a síntese, ou, uma nova tese. Primeiro, que a oscilação financeira gerada pela incerteza da formação que compõe a União Europeia, possui um caráter muito mais político, que busca uma recomposição da organização; como resultado, afeta esfera econômica. Ou seja, crise clássica; aquela de superprodução, não faz parte dessa crise que também possui a desaceleração de alguns mercados, fazendo com que o desemprego gerado pela falta de demanda efetiva venha à tona. Outro fator é inserção de novas classes de investidores, que emergiram nos últimos decênios.  Esses novos investidores procuram alocar seus excedentes um pouco menos no consumo e almejam recompensas no mercado financeiro através do capital a juros.
O Brasil ainda está um pouco longe de visualizar sua economia deslocar seu excedente de um consumo fraco e de preferencia para investimentos. Como prova, mesmo com a pressão externa, existe uma projeção por parte da autoridade monetária de crescimento industrial, aliada a uma redução da inflação no ano de 2013. Com as reservas cambiais fortalecidas, e uma expectativa do aumento dos salários reais decorrentes da escassa mão-de-obra especializada que esta ainda se formando, a preocupação se desloca para o assunto desgastado da economia política nacional: Oferta de empregos tecnológicos, mas com falta de demanda, que passa a ocupar o desemprego estrutural.

O protecionismo do mercado brasileiro com a crescente volatilidade do capital internacional

 André Monges

Até quando o mercado brasileiro conseguirá tornar possível o crescimento da economia nacional sem que a crescente oscilação financeira mundial, o afete por completo? Ou melhor; A atuação regulatória dos agentes econômicos macronacionais utilizando a redução da taxa real de juros, como medidas compensatórias de estimulo a economia, consegue driblar a valorização cambial da moeda corrente (Dólar)? Essas duas questões, foram bases de entrevistas que pude assistir com os economistas: Delfim Netto, Paul Krugman, Paul Singer. Na qual, serviram de base para o desenvolvimento do raciocínio com método dialético, que será descrito nas linhas subsequentes.
A tese, que na qual o título antecipa: “O protecionismo do mercado Brasileiro com a crescente Volatilidade do capital internacional”, é desenvolvido com base nos últimos desdobramentos em que a autoridade monetária nacional (BACEN) por meio do COPOM, vem reforçando através de cortes da taxa SELIC, buscando um aquecimento entre oferta e aumento adequado na demanda agregada. O objetivo é alocar a propensão marginal a consumir (PMC), do brasileiro, para supressão dessa nova oferta reduzida de juros, e, ainda, com a baixa recompensa gerada pelo investimento da poupança (poupança = excedente da renda/consumo). O Brasil troca a capitalização forçada da época do arroxo salarial, (um dos responsáveis pelo milagre econômico), por uma redistribuição da renda nacional buscando a liquidez do mercado. Outro produto desta tese de protecionismo de mercado é a, insuficiência mostrada já há algum tempo, por parte dos investimentos do mercado futuro; que, na realidade, nos últimos anos, desde a crise em 2008, vem acompanhando com movimento parecido com as bolsas europeias, fazendo com que a especulação ganhe força por parte de investimentos estrangeiros diretos.
Para a antítese, as duas perguntas do paragrafo introdutório se encarregam de enunciar: Até quando o mercado brasileiro conseguirá tornar possível o crescimento da economia nacional sem que a crescente oscilação financeira mundial, o afete por completo? Ou melhor; A atuação regulatória dos agentes econômicos macronacionais utilizando a redução da taxa real de juros, como medidas compensatórias de estimulo a economia, consegue driblar a valorização cambial da moeda corrente (Dólar)? Como resultado dessas duas questões, geramos a síntese, ou, uma nova tese. Primeiro, que a oscilação financeira gerada pela incerteza da formação que compõe a União Europeia, possui um caráter muito mais político, que busca uma recomposição da organização; como resultado, afeta esfera econômica. Ou seja, crise clássica; aquela de superprodução, não faz parte dessa crise que também possui a desaceleração de alguns mercados, fazendo com que o desemprego gerado pela falta de demanda efetiva venha à tona. Outro fator é inserção de novas classes de investidores, que emergiram nos últimos decênios. Esses novos investidores procuram alocar seus excedentes um pouco menos no consumo e almejam recompensas no mercado financeiro através do capital a juros.
O Brasil ainda está um pouco longe de visualizar sua economia deslocar seu excedente de um consumo fraco e de preferencia para investimentos. Como prova, mesmo com a pressão externa, existe uma projeção por parte da autoridade monetária de crescimento industrial, aliada a uma redução da inflação no ano de 2013. Com as reservas cambiais fortalecidas, e uma expectativa do aumento dos salários reais decorrentes da escassa mão-de-obra especializada que esta ainda se formando, a preocupação se desloca para o assunto desgastado da economia política nacional: Oferta de empregos tecnológicos, mas com falta de demanda, que passa a ocupar o desemprego estrutural. 

André Monges é acadêmico da quarta fase do curso de Relações Internacionais - Unisul Tubarão

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Feriados: todo o significado fugiu

Por Murilo Medeiros.

O Dia da Independência transformou-se em desfile no centro da cidade – valendo um ponto para aqueles que comparecerem à marcha. Onde está o patriotismo, o hino nacional, o orgulho da nação e todos aqueles preceitos básicos da educação moral e cívica, ensinados aos nossos país e avós, mas as vezes esquecidos por nossa geração?
A páscoa – tadinha – dia santo comemorado em nosso país laico que outrora remetia à ressurreição de Cristo, maior ícone cristão, hoje em dia resume-se a chocolates, ovos de páscoa e coelhinhos. Qual é o verdadeiro sentido da páscoa? – pergunta o tio. Chocolate é uma delícia! – respondemos.
As festas juninas são quase que sinônimos de trajes de jéca. Todo o resto, a música, as comidas, os santos, esqueceram-se para sempre. O dia do folclore – outro coitado – é sabido apenas pelas criancinhas do primário, avisados pela boa e velha professora de arte. Nosso natal é resumido em três partículas: presentes, pisca-piscas (não importando a forma, cor ou local) e papais-noéis de shopping center. O réveillon virou contagem regressiva.
Foi-se o tempo que os  símbolos, elementos utilizados para representar e lembrar uma coisa, foram importantes para a sociedade brasileira. São poucos os que preservam a cultura – tanto a original como a herdada. Hoje em dia damos mais valor ao dia a menos de trabalho ou aula. Damos valor aos presentes, às emendas e nos esquecemos de tudo aquilo que, na essência, faz o símbolo ter sentido. Um símbolo só tem valor quando atribui significação. Um símbolo sem a tal torna-se totalmente inútil.
Nossa cultura, miscigenação de diversas outras, não pode cair no marasmo. Somos os brasileiros de uma nova era – é certo – mas eras e eras, não importa o tempo, não podem ser páreas para dilacerar os velhos costumes. Estes – resultado de eras de cultura, trabalho, fé e sociedade – são quem moldam a verdadeira cara de um país e não um dia qualquer dormindo, na praia ou assistindo televisão quando,  na essência de uma data especial transpassa-se um sentido tão sutil, enquanto que em suas margens, uma demonstração tão supérflua. Um voto aos que aderem o verdadeiro sentido das datas comemorativas e feriados.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sai Paraguai, entra Venezuela



Anderson Nunes Pacheco*

Quem acompanha os noticiários brasileiros, está ciente da suspensão do Paraguai e da entrada da Venezuela no bloco do Mercosul e sabe da importância deste fato para o cenário das relações da região, porém é necessário analisar os fatores que precederam estes acontecimentos. A saída do Paraguai se deu por aspectos políticos, onde o estopim foi o impeachment  do presidente Fernando Lugo, já a Venezuela conseguiu o tão buscado ingresso no bloco devido, principalmente, ao seu crescimento econômico na última década.
A última cartada do presidente Hugo Chávez para a Venezuela ganhar notabiidade no cenário internacional foi um grande projeto habitacional nas proximidades da capital Caracas. Seria um condomínio fechado, obra executada por uma empreiteira cubano-venezuelana. Um conjunto habitacional com aproximadamente 1,1 mil apartamentos e 20 mil unidades habitacionais, obra que tem previsão de conclusão para 2018 e terá um impacto muito positivo em milhares de famílias de classe baixa, onde Chávez não tem muito apoio.
Além disso, é importante lembrar do seu principal elemento da economia, que seria o petróleo, sendo, a Venezuela, o quinto maior exportador de petróleo do mundo e com uma das maiores reservas. Até  1976, a exploração do petróleo era privada e controlada, principalmente, por empresas norte-americanas . Com a alta do petróleo depois da crise de 1973, o então presidente Carlos Perez  passa essa atividade para estatal em 1976, criando a PDVSA – Petróleo da Venezuela S.A, sem atrapalhar as multinacionais, pois o refinamento e comércio internacional ainda estava na mãos do setor privado. Quando a cotação do petróleo caiu, a partir dos anos 80, a inflação deu um salto de 7,4% anuais em 1978 para 103% em 1996. O juro das dívidas passou a ser 30% do orçamento nacional. O PIB per capita, descontando a inflação, caiu quase 19% entre 1978 e 1998.Sendo assim, quando o atual governo assumiu o poder, tinha em mãos um país com a economia em baixa e uma população revoltada. Logo que assumiu a liderança do país, Hugo Chavez explodiu com o sistema que operava na Venezuela tendo o apoio da maioria política e população. Com isso, os setores mais conservadores tiveram uma queda de popularidade. Em 2001, o presidente sentiu-se forte para deslanchar seus projetos que foram a lei de terras e de hidrocarbonetos que aumenta o impostos das companhias privadas e o controle do governo sobre o setor privado.
O governo Chavez também é notado por várias entidades como ONU, GINI, entre outros, pelos suas políticas sociais em prol da população e crescimento do pais como um todo. Estes fatores influenciaram as lideranças do Mercosul que passaram a considerar e, por último, colocar em prática o ingresso da Venezuela no maior bloco econômico da América do Sul.
Em 2001, a Venezuela tenta pela primeira vez seu ingresso no bloco do Mercosul, com o protocolo assinado por todos os países membros. Na sequência, passou pelas as aprovações dos Congressos de cada país, ficando apenas dependente do Paraguai. A impressa marrom coloca o presidente Hugo Chávez como o maior empecilho para as pretensões venezuelanas, devido às suas ideias peculiares e inimizades políticas.
Além do potencial energético e econômico, a entrada da Venezuela no Mercosul será importante para colaborar na intenção do bloco em manter os Estados Unidos com pouca influência na América do Sul, desafiando a hegemonia norte-americana no continente e garantindo uma maior autonomia do bloco na região.

*Anderson Nunes Pacheco é acadêmico do curso de Relações Internacionais - Unisul - Tubarão.