quarta-feira, 30 de outubro de 2013

TROIKA: problema ou solução da crise européia?

Cleber Mafioletti*

A real origem da palavra troika é russa, a qual os russos na antiguidade usavam para denominar uma espécie de carroça com três cavalos lado a lado. Trazendo o termo para as questões políticas podemos identificar a troika como uma aliança de três personagens do mesmo nível e poder, que se reúnem em um esforço único para a gestão de uma entidade ou para completar uma missão.
O termo troika foi muito utilizado no século XX para classificar algumas alianças feitas na década, mas foi em 2010 que o termo ganhou extrema notoriedade no cenário internacional, devido à instabilidade que um dos principais blocos econômicos do mundo – União Econômica Européia – foi atingido pela crise mundial, que se alastra por diferentes blocos e países desde 2008. Assim, ocorreu uma tentativa de negociar medidas de resgate financeiro nos países do bloco, sendo constituída uma tríplice aliança por responsáveis da Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, empregando medidas de austeridade nos países europeus mais afetados: Grécia, Irlanda, França, Espanha, Itália e Portugal.
As medidas de austeridade significam rigor no controle dos gastos, e são requeridas quando os gastos públicos de determinados países são considerados insustentáveis. Esses mecanismos de austeridade são basicamente utilizados como garantia de recuperação das economias fragilizadas – principalmente após os efeitos turbulentos sobre o setor privado, que consequentemente reduziu em grande escala a arrecadação de impostos. Tais medidas surgem como garantia do “sono” de muitas instituições – como o Fundo Monetário Internacional, um dos principais financiadores das economias em situação de crise na União Europeia.
Entre as principais medidas fiscais adotadas pela troika, destaca-se na maioria dos países o aumento gradual dos impostos e os cortes orçamentários de setores que são primordiais para a sociedade, como na saúde e educação. Tais medidas não são vistas com bons olhos pela população afetada, se tornando assim totalmente impopulares, já que acarreta no corte de oferta de serviços públicos, aumento da idade para requerer aposentadoria e reduções salariais para aposentados e funcionários públicos.
O número de manifestações contra as instituições que compõem a troika cresce cada dia mais, ganhando força com seus movimentos – nem sempre pacíficos – nas principais capitais europeias afetadas pela crise, principalmente em países como Espanha, Portugal e Grécia, consequentemente os que mais sofreram com adoção das medidas de austeridade. Um dos mais afetados na questão do desemprego foi à Espanha, onde a taxa de desemprego alcançou o nível recorde de 27,2% da população, sendo que aproximadamente cerca de 40% é maioria jovem.
O que resta saber é se essas medidas estão verdadeiramente obtendo bons frutos nas economias afetadas pela crise, ao que tudo indica o desemprego cresce cada dia mais, e o desenvolvimento dos países está em ritmo de desaceleração. O atual presidente da França, François Hollande, indica que as medidas de austeridade trazem um caráter de autodestruição para os países que as adotam, pois as mesmas causam uma grande redução da demanda interna por produtos e serviços, devido à preocupação do consumidor com a restrita oferta de empregos e redução dos salários.
Diversas notas saíram nos principais tabloides internacionais no mês junho devido ao reconhecimento por parte do Fundo Monetário Internacional de que a austeridade empregada nos países não está sendo eficaz na reconstrução das economias em questão. Muitos especialistas europeus já apontavam desde o inicio da crise que os cortes públicos drásticos causariam um impacto muito grande, causando manchas difíceis de extrair na estrutura econômica do bloco, e indicam que para chegar a um patamar de estabilidade é necessário um paralelo entre consolidações fiscal e desenvolvimento – completamente focado no desenvolvido de emprego e renda.
Os rumos de todo bloco e principalmente dos países mais afetados com a crise continua num clima de incerteza em suas economias. Os pacotes de resgate aprovado pelas instituições financeiras demostram que não são suficientes para obter uma real solução para crise, mas servem como medida provisória já que as instituições financeiras não encontram uma solução efetiva para tal problema, que consequentemente vem afetando diversas economias do mundo inteiro.


Enquanto isso o povo utiliza da ferramenta que dispõe: seu simples, gratuito e persistente grito de revolta.

(*) Graduando do curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

terça-feira, 26 de março de 2013

Hugo se foi, de quem falarão agora?


Internacionalista e Analistas do cenário internacional do mundo e da América Latina principalmente, perderam há pouco tempo uma das figuras mais icônicas dos últimos anos. Hugo Chávez tinha seu populismo e sua personalidade no mínimo muito chamativos. Abalava qualquer estabilidade política com um simples comentário, dando principalmente a classe menos favorecida da Venezuela sua dose de irreverência.
De maneira alguma se deve descrever ou analisar Hugo Chavéz pelas grandes mídias, pois essas, ousando o descrever, o odiavam. Isto porque Chavéz não era o político do tipo que se prostrava ou cedia à pressão destas facilmente, ele governava do seu jeito e não era muito de agradar ‘gregos e troianos’, preferia a originalidade, se assim pode-se chamar.
Dados, já que estes são muito mais importantes do que as ações pra descrever um político atualmente demonstram que Chavéz não era nenhum ditador, era sim alguém que se destacava na Esquerda que toma o continente sulamericano. Não, a resposta é não pra quem acha que ele estatizou todas as emissoras de televisão, pois a grande maioria ainda pertence às empresas privadas. [A ‘lei dos medios’ na Argentina é mais ou menos assim. No Equador também não é muito diferente]. Não, ele não usava o petróleo pertencente ao povo venezuelano pra encher o cofre dos mais ricos, mas sim distribuía ao seu povo com uma dos maiores programas de distribuição de renda que se conhece nesta parte do continente, e, pasmem, até mesmo ‘aquecia’ muitas família estadunidense, país do qual era alvo constante de críticas, no inverno com o petróleo da PDVSA.
Erroneamente (e muito!) se ‘demoniza’ a figura de Chavéz. Há uma forma não muito complicada de entender o que ele fazia e de repensarmos o modo de possibilidades idealistas de mudança: dinheiro, money, grana, cash! Em um mundo que está em uma crise liberal profunda por que seria correto usar deste para ser o deus na resolução dos problemas? Então, a la Chavéz e muitos outros, mude quais são os princípios de uso e resolução. Portanto, isso representa que é muito melhor distribuição de renda (sim, o dinheiro, mas pensando pelo lado de qualidade de vida), a saúde e a educação do que só dinheiro. Claro que é muito bom um tablet com internet de alta velocidade, mas de que adianta manter esse status se ainda o usamos como se fosse um lápis e papel?
Chavéz não está sozinho nessa. Acusam Cuba, embargam Cuba, e falam muito mal de Cuba. Pois não, assim como a Venezuela, Cuba tem muitos problemas, só que os seus índices de educação são maiores que de alguns países europeus. Saúde e educação têm suas prioridades revelam nitidamente a forma real de se demonstrar a Democracia. Cuba, o que muitos não sabem e vivem criticando por embargar as viagens da Yohani Sánchez, deu aos seus cidadãos a oportunidade de definir o seu futuro, deixando os mesmos participarem do processo de formação das leis. Poucos sabem que o irmão de Fidel tem seus dias contados no poder, por que está ocorrendo a mudança, mas o Jornal de segunda a sábado a noite da nossa televisão aberta não mostra isso, não é verdade? A Direita atual é a mais apavorada de todas, não consegue aceitar a mudança e apela pra liberdade de expressão, enquanto abusa da liberdade de opressão e distribui ignorância para a população. Tudo bem,é de comum acordo que o salário mínimo cubano não é um dos melhores, mas eu não me importaria em ter educação de qualidade e gratuita!
Enquanto se ouve falar em ‘ditadura populista’, a Direita chafurda em hipocrisia porque o povo está tendo sua vez. Há muito, mas muito por se fazer, mas na medida do possível isso vai mudando. Antes de um discurso esquerdista, é imperativo afirmar em um discurso humanista. Uma chaminé ou uma máquina não consegue falar ou representar as pessoas, talvez às pessoas possam fazer isso. Novamente frisando, não é pela grande mídia que nós podemos entender como funciona nosso continente, porque por ela tudo vai mal e você deve pensar que está pior.
O real sentido da Democracia também está na atividade do povo e não só na sua representatividade. Se for isso, corruptos (e todos os outros xingamentos feitos aos nossos ‘representantes’) estão fazendo muito bem o trabalho! O real sentido de um internacionalista está em enxergar além e não se retrair ante aos absurdos.

*Texto dedicado aos calouros do semestre 2013-1 do Curso de Relações Internacionais, bem-vindos ao mundo da Ciência Sociais!

Um vídeo a se considerar vindo diretamente de Oxford: https://www.facebook.com/photo.php?v=163948287093137

Roberto Denis - Acadêmico do curso de Relações Internacionais, Unisul TB