Por Murilo Medeiros
O
período olímpico, menos do que a Copa do Mundo, é um dos únicos em que o
brasileiro bate no peito e diz ter orgulho da pátria. Entretanto, quando a
medalha falta, o gol não vem ou o inesperado acontece, despencamos: O grito de
louvor vira crítica, decepção e às vezes xingamento. De repente, todo o
patriotismo de esvai e todo o orgulho se apaga.
Por que não compramos camisetas,
ensaiamos o hino, estampamos a bandeira na frente de nossas casas em todas as
ocasiões? Por que somos tão fracos no que diz respeito a adorar o verde e
amarelo num dia e, no outro, ou simplesmente alguns minutos depois de uma luta,
uma partida ou qualquer competição, esquecê-lo por completo?
Tanto tempo e ele faz só isso!
Só acontece no Brasil...
Ganham tanto pra nada!
Fazemos críticas sem fundamento
algum. Esquecemos-nos do suor que cada atleta derrama a cada dia durante os
quatro anos das olimpíadas, às vezes em situações extremas, pagando para
competir, lutando contra lesões e buscando um patrocínio descente.
É claro que temos que cobrar,
aliás, ninguém é “tadinho” e requer “pena” dos telespectadores que dizem: “Ah,
foram injustos com ele. Ele merecia ganhar”. Somos uma pátria, uma nação –
mesmo que não em seu sentido primordial – e, quando erramos, devemos ser
cobrados, seja no esporte ou em qualquer outra ocasião. O fato é que crítica
construtiva e crítica desmotivacional são bem diferentes. A diferença está no
esforço e determinação que cada atleta pode ou não pode ter. Deveríamos bater
palmas todas as vezes que um atleta brasileiro sai do tatame, do campo, da
piscina ou das pistas. Quando, invés de reconhecimento, ganhamos de nosso
próprio povo, a indiferença e a cara feia – Uma medalha a menos! – é certo que o gosto pela pátria também se esvai.
Há um limite entre falar e urrar, assim como há um limite entre falar o que pensa e FALAR O QUE PENSA. É certo que não é aqui o País das Maravilhas, muito menos o paraíso que muitos dizem que seria caso chegassem ao poder, mas senso fantástico algum irá prevalecer no Brasil ou em qualquer outro lugar do planeta. Nem sempre pode-se ganhar. A fantasia não prevalece. Vivemos numa realidade que cada um tem a sua força e, às vezes, a motivação de uma pessoa pode valer um ouro olímpico. Basta que a boca utilize o cérebro antes de usar sua tarefa mais corriqueira – que não é comer – e, assim, quem sabe, um dia seremos – ou quase – uma pátria verdadeiramente pátria.
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